Rotina docente, adoecimento e suas implicações nos processos subjetivos com base na análise construtivo interpretativa

Luís Fernando Martins Ribeiro, Valéria D. Mori

Resumo


Atualmente, as atuais exigências que restringem a rotina do professor universitário estão quase que exclusivamente vinculadas aos processos de avaliação estabelecidos pelos órgãos de fomento. Neste contexto, tem-se se dado um excessivo valor à produção de artigos em revistas indexadas. Assim, a grande maioria das atividades docentes tem perdido o seu valor em detrimento as exigências severas de publicação. Observa-se que esse processo de avaliação tem gerado um grande desafio ao docente, já que a sua manutenção nos programas de pós-graduação e o acesso a recursos financeiros estão diretamente vinculados a sua produção e qualificação científica. Acrescenta-se, ainda, que a concorrência entre docentes tem se tornado rotina no contexto dos cursos de pós-graduação tanto entre docentes do mesmo programa como de diferentes programas da mesma universidade e de forma mais abrangente entre diferentes centros de pesquisas. Assim, considerando essa rotina intensa de trabalho e as exigências impostas nas carreiras docentes, percebe-se que a rotina acadêmica está conduzindo os professores ao adoecimento: a um permanente quadro de estresse, à depressão, ao esgotamento físico. Esta condição certamente leva a pensar quais seriam os aspectos mais relevantes no contexto da rotina docente e os consequentes efeitos no adoecimento docente. Neste contexto, o objetivo desta pesquisa e avaliar o processo de adoecimento docente no contexto das novas exigências vinculadas à atividade acadêmica e avaliar como os docentes têm vivenciado de forma saudável ou não está nova rotina acadêmica, tanto em termos das novas exigências como na consequente intensificação da atividade docente. A metodologia proposta consiste na realização de pesquisas a respeito do contexto organizacional dos programas de pós-graduação e a sua vinculação aos processos avaliativos dos órgãos de fomento e bem como nas atividades esperadas e desempenhadas pelos docentes. Estas análises visam perceber os efeitos deste contexto no processo de subjetivação do adoecimento. O estudo proposto baseia-se nos pressupostos da epistemologia qualitativa que enfatiza a produção de conhecimento na pesquisa como um processo construtivo interpretativo, sendo o fundamento principal das análises propostas. Com base nos resultados obtidos a partir do processo dialógico realizado foi possível estabelecer alguns efeitos da atual rotina docente nos processos de adoecimento. Assim, pensar sobre os processos de saúde e doença tende a conduzir uma construção teórica que possibilita a articulação de diferentes registros da organização do fenômeno humano. Essa articulação nos permite visão mais complexa e plurideterminada dos aspectos sociais e individuais e consequente compreensão processos de adoecimento. Isto é como o individual se processa no social e articula dando significado ao seu modo de viver as novas experiencias


Palavras-chave


Adoecimento Docente. Subjetividade. Construtivo-Interpretativo

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n1.2018.6365

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