Apendicite aguda em pacientes de faixa etária avançada: peculiaridades quanto a apresentação do quadro clínico e a demora no diagnóstico

Finco Jonas de Souza, Ana Clara Guerreiro Araújo de Gouvêa, Trindade Alberto Vilar

Resumo


Introdução: O envelhecimento da população é um desafio, estando relacionado ao
aumento da expectativa de vida. Nesse contexto, a apendicite aguda (AA), além de ser a
patologia cirúrgica mais frequente, e mesmo sendo comum em crianças e adultos jovens, com
pico na segunda e terceira década de vida, vem apresentando uma incidência importante na
população idosa. Nestes, entretanto, o diagnóstico mostra-se dificultado por uma anamnese
incompleta/confusa, características clínicas atípicas e/ou sutis, além das múltiplas
comorbidades, dificultando a propedêutica. Portanto, faz-se necessária uma análise em
particular deste grupo, visto a potencial morbimortalidade e relação com o atraso diagnóstico
e terapêutico encontrados. Objetiva-se investigar e comparar o quadro clínico, propedêutica
e o tempo de diagnóstico em pacientes idosos com AA internados na Unidade de Cirurgia
Geral (UCG) do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Metodologia: estudo retrospectivo,
qualitativo e quantitativo, com coorte extraída de prontuários eletrônicos de pacientes idosos
que tiveram quadro de AA, internados e operados na UCG durante o período de junho de 2012
a junho de 2018. Considerados critério de inclusão pacientes com idade igual ou acima de 60
anos, CID K.35, admitidos e submetidos a apendicectomia, permanecendo internados por
período igual ou superior a 24 horas. Para cada idoso, na intenção da composição do grupo
controle, foi selecionado aleatoriamente dois pacientes situados na faixa etária de 18 a 30
anos. Foram excluídos pacientes submetidos a laparotomia exploratória cujo diagnóstico
operatório não foi confirmado. Resultados: Analisou-se 336 pacientes, 112 do grupo amostral
e 224 do grupo controle. A faixa etária média dos participantes da amostra foi de 68,7 e do
controle foi de 24,1, sendo a maioria do sexo masculino. A apresentação da AA foi em sua
maioria dos casos com dor em fossa ilíaca direita. As dores migratórias e localizadas foram
mais descritas de epigástrio para FID e dor em hipogástrio respectivamente. Os sintomas não
álgicos mais relatados foram náuseas/vômitos, hiporexia/anorexia e febre (alternando
posições entre os grupos); com destaque a presença de 71,15% dos pacientes referindo febre
no grupo controle. Tempo de início dos sintomas foi maior no grupo controle (13,3h contra
8,62h dos idosos), entretanto com valor da moda de 24h no controle e 72h nos idosos. Ambos
demonstraram predomínio do Sinal de Blumberg, com o grupo dos idosos apresentando
padrão mais uniforme de positividade dos sinais. Resultados relativos ao tempo de
diagnóstico foi semelhante (2º DIH). Os exames laboratoriais trouxeram leucocitose presente
em 85,87% dos controles e 80,61% dos idosos. Média de 1,14 exames de imagem por idoso e
1,10 no adulto/jovem; Além do fato de aproximadamente 10% de tais exames serem laudados
como sem alterações nos idosos e 5% nos controles. Considerações finais: o trabalho obteve
divergências principais no tocante a moda do tempo de início dos sintomas sugestivo de uma
eventual demora na procura assistencial por parte do idoso; maior proporção de leucocitose
no grupo controle e de alterações referentes a série vermelha e plaquetária nos idosos; média
de exames solicitados por paciente equivalente nos grupos e média de complexidade maior
nos idosos


Palavras-chave


Apendicite. Idosos. Diagnóstico.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n1.2018.6335

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