O IMPACTO DAS ILHAS DE CALOR NA ESCALA GREGÁRIA DE BRASÍLIA COM ÊNFASE NAS FACHADAS ESPELHADAS

Islane Barbosa da Luz, Gustavo A. C. Cantuária

Resumo


Brasília completa 30 anos como cidade Patrimônio da Humanidade se preocupando com a sustentabilidade e o conforto ambiental no plano piloto. Focando na qualidade do espaço e no discurso sustentável, que segue crescendo. O projeto de pesquisa buscou analisar espaços públicos na escala gregária com o objetivo de sugerir diretrizes no âmbito do urbanismo sustentável, requalificação do espaço em áreas degradadas e em transformações arquitetônicas com tipologias insustentáveis. Buscou também examinar o desempenho das estruturas espaciais urbanas, relacionando suas características físicas, como, superfícies verticais e horizontais, a morfologia dos cânions urbanos e seus reflexos na formação de ilhas de calor. O adensamento construtivo nos setores comerciais e hoteleiros, com o uso intensivo e exagerado de vidros espelhados e reflexivos nas fachadas, tem causado impacto negativo no espaço urbano destes setores. Esquecendo a arquitetura vanguardista modernista brasileira, projetada em Brasília de forma competente desde o seu nascimento e, também atraída pelas caixas de vidro exageradamente espalhadas e repetidas no hemisfério norte, a capital tem se inspirado em formas arquitetônicas que se chocam com o clima predominantemente seco da cidade. Elementos comumente encontrados na nossa arquitetura moderna como plantas livres, ventilação cruzada, varandas, beirais, cobogós, brises e outros elementos sombreadores, estão sendo ignorados em troca da atração pelo uso de vidros como revestimento externo, tornando-se um cenário propício para incentivar o surgimento das ilhas de calor e contribuindo negativamente aos microclimas próximos a essas morfologias urbanas e arquitetônicas. O fenômeno da ilha de calor acaba se tornando um vilão na busca pelo conforto ambiental. Esse projeto, com foco na escala gregária, teve como objetivo principal analisar esse impacto das ilhas de calor no cenário urbano atual. A área dos Setores Hoteleiro e Comercial, nas Asa Sul e Asa Norte, tem apresentado cada vez mais uma arquitetura que utiliza excessivamente os vidros e espelhos em suas fachadas, levando a uma configuração arquitetônica que aumenta o poder reflexivo das superfícies das edificações em comparação a sua capacidade de absorver, modificar ou diminuir a radiação solar. A pesquisa visou questionar e analisar as consequências dessa nova linguagem arquitetônica, do surgimento de diferentes características de ilhas de calor, do surgimento de cânions urbanos, o reflexo nos microclimas e consequentemente a salubridade dos espaços e a qualidade do
conforto ambiental dos seus usuários, comparando como os trechos dos setores gregários com os novos cânions urbanos formados por edificações com envelopes envidraçados estão sendo afetadas pelo efeito das ilhas de calor e interferindo no microclima e no conforto ambiental local. A pesquisa incluiu fotos tiradas com câmera termográfica que serviram para ilustrar os pontos mais críticos dos efeitos do aquecimento, resultado dos estilos arquitetônicos adotados, pela falta de vegetação nos setores e fatores que ajudam a diminuir a umidade local, mostrando que, por conta desses fatores, podem ser notadas diferenças grandes na temperatura das superfícies, podendo chegar a 5ºC, 8ºC ou mais graus, variando de acordo com o urbanismo e a arquitetura local e influenciando o microclima, podendo causar desconforto aos pedestres


Palavras-chave


Ilhas de calor. Arquitetura. Fachadas envidraçadas. Brasília. Radiação solar.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n3.2017.5809

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