CONDUTA EXPECTANTE (NÃO CIRURGICA) EM PACIENTES PEDIÁTRICOS VÍTIMAS DE TRAUMA ABDOMINAL CONTUSO COM LESÃO DE BAÇO E/OU FÍGADO

Lucas Ferreira de Castro, Marcella Mateus Cavalcante, Andréa Lopes Ramires Kairala

Resumo


O trauma abdominal contuso e seu impacto na morbidade e mortalidade de pacientes pediátricos exige condutas eficazes para reduzir riscos e aumentar as taxas de sobrevida com qualidade. Nesse contexto, as condutas não-cirúrgicas têm grande relevância nos cenários de trauma, com menores índices de complicações associadas aos atos cirúrgicos. O objetivo desse estudo foi analisar o perfil de pacientes e os fatores relacionados a falha do tratamento não cirúrgico em pacientes com lesão esplênica e/ou hepática após trauma abdominal fechado internados em um hospital de referência para trauma no DF.Estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo com análise de prontuários de crianças entre 0 e 16 anos atendidas em hospital terciário pela equipe de cirurgia pediátrica, entre os anos de 2012 e 2016, vítimas de trauma abdominal contuso com lesão hepática e/ou esplênica e que foram submetidos a tratamento expectante(CE) ou não cirúrgico. As complicações, tempo de permanência hospitalar e o índice de trauma (RTS, ISS e TRISS) foram analisados. Critérios de exclusão: óbito nas primeiras 6 horas de internação, alta hospitalar em menos de 24 horas, paciente com lesão de vísceras ocas associadas e prontuários incompletos.Foram analisados inicialmente 312 prontuários; 65 entraram nos critérios de inclusão, dentre os quais 13,8% foram submetidos a conduta cirúrgica inicial e 86,1% a CE. Com relação ao ano de atendimento: 2012=20%; 2013=21%, 2014=37%, 2015=11% e 2016=11%. Quanto a víscera lesada, 50% dos pacientes apresentaram lesão hepática, 42% esplênica e 8%(N=5) de ambas as vísceras. As lesões hepáticas foram relacionadas com estadiamento de gravidade mais leve e lesões esplênicas com lesões mais graves (p-valor=0,048). Foram a óbito 6%(N=4) dos pacientes.Predomínio de pacientes do sexo masculino 65%(N=42) e pacientes entre 6 e 10 anos, 48,4%.Escolares apresentaram maior proporção de lesão esplênica e pré escolares lesões hepáticas (p-valor=0,002). As principais causas de lesão foram colisão automobilística 40%; atropelamento 21%, queda de bicicleta 11% e 10% vítimas de acidentes domésticos. O transporte do local do acidente para o local de atendimento foi por ambulância comum em 32%(N=21), SAMU 27,7%(N=18) e 28% dos prontuários não possuía essa informação. Foram internados em UTI 60% dos pacientes, por períodos variáveis entre 1 e 211 dias, com média de 15,9 dias. Comorbidades associadas como TCE e lesão pulmonar apresentaram maior gravidade e foram internados em UTI (p-valor=0,0022).Houve maior frequência de cirurgia antes de 12 horas da admissão naqueles pacientes com hematócrito baixo (p-valor=0,015). Relação forte entre pacientes que necessitaram de transfusão sanguínea e internação na UTI, 85% dos pacientes (p-valor = 0,012).Dos pacientes submetidos a conduta expectante, 53,57% foram internados na UTI, com percentual de óbitos de 0%, entre os que não foram acompanhados na UTI, o percentual de óbitos foi de 7,7%. A mudança da terapêutica operatória para a não-operatória (TNO), é uma opção segura, no trauma abdominal contuso de pacientes pediátricos com lesões de vísceras parenquimatosas (fígado e baço), desde que seja indicado mediante critérios técnicos explicitados. Oferece grandes vantagens, incluindo menor número de óbitos, menor riscos de infecções associados à conduta cirúrgica e menos gastos com cuidados de saúde


Palavras-chave


Traumatismo abdominal fechado. Tratamento não operatório. Fígado; lesões. Baço; lesões. Pediatria

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n2.2016.5590

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