ANÁLISE DO PERFIL DOS POTENCIAIS DOADORES DE ÓRGÃOS PEDIÁTRICOS NO DISTRITO FEDERAL, DE 2013 A 2016

Bruna Rolim Peixoto da Silva, Marcos Paulo Gonçalves Carlos, Andréa Lopes Ramires Kairala

Resumo


Essa pesquisa visa demonstrar um panorama geral dos transplantes post mortem de órgãos pediátricos, no Distrito Federal (DF), com o intuito de identificar em que esferas as ações de saúde e as estratégias de conscientização da população e dos profissionais de saúde são mais necessárias, para que se aumente a quantidade de doadores efetivos e para que se estimule a criação de uma cultura de doação, superando os mitos e preconceitos a respeito do assunto. O objetivo do projeto foi coletar os dados epidemiológicos dos potenciais doadores de órgãos pediátricos, que sofreram morte encefálica (ME), de 0 a 18 anos, no DF, dos últimos 4 anos. Foi um estudo transversal/ retrospectivo, onde foram analisados prontuários de crianças e adolescentes (N=146) em ME acompanhados pela equipe da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) do DF, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2016. Da população analisada (N=146), apenas 34,2% (N=50) efetivaram a doação de órgãos. Entre o período de tempo analisado, observou-se uma constante no número de potenciais doadores e porcentagem de doadores efetivos (N=40/32,5%, N=38/28,9%, N=35/42,8% e N=33/33,3%). Verificou-se ainda predominância de adolescentes (51,4%), sexo masculino (67,8%) e cor parda (57,5%). No que se refere a faixa etária, foi observada uma semelhança de porcentagem entre escolares (18,5%) e lactentes (17,1%); apenas 12,3% de pré-escolares e 0,7% (N=1) recém-nascidos. Entre os motivos de internação e óbito verificou-se a predominância de causas externas (41,1%), dessas, 21,9% por atropelamento; 18,5% perfuração por arma de fogo e 0,7% enforcamento; e 13,7% por tumores cerebrais. Primeiro atendimento de 84,9% foi realizado na rede pública. Ao analisar onde o protocolo de ME foi iniciado, percebe-se aumento de indivíduos na rede pública (93,8%) sugerindo-se que os pacientes com agravamento da situação de saúde, foram transferidos para hospitais especializados da rede pública do DF. Quanto a notificação, verifica-se que 25,4% dos casos declarados foram por busca ativa pela equipe (OPO-DF) sendo o restante por notificação da equipe assistencial (68,5%); em 6,1% dos prontuários não havia informação sobre esse dado. Os motivos mais frequentes para não doação decorrem de parada cardiorrespiratória antes do encerramento do protocolo (36%), recusa dos familiares (25%) e neoplasia maligna (18%). Quanto aos tipos de órgãos, em média são doados 3 por paciente; predominam rins (34%) e fígado (25,7%). A maioria das retiradas (78%) ocorreram no Instituto de Cardiologia do DF. É necessário, como aponta a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, planejar estratégias de
incremento no transplante pediátrico no Brasil, como educação para a população. Adolescentes pardos do sexo masculino são mais vulneráveis à morte encefálica por causas externas, em sua maioria evitáveis. É preciso uma maior atenção à situação de segurança dessa população pelas autoridades governamentais. Percebe-se ainda que existe um aumento da conscientização das equipes de saúde em notificar a CNCDO/DF sobre a suspeita de ME e isso tem relação com um maior preparo e eficiência das equipes assistenciais. Mas esses números podem aumentar, principalmente diante da fila de crianças que ainda esperam o transplante para sobreviver


Palavras-chave


Transplante de Órgãos. Pediatria. Morte encefálica.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n2.2016.5577

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