Orçamento unificado nacional: uma proposta de superação da divisão entre União como emissora e entes subnacionais como usuários da moeda estatal

Julio Cesar de Aguiar

Resumo


O presente trabalho tem por objetivo proceder à crítica à divisão apregoada pelos adeptos da teoria monetária moderna entre ente federado central como emissor e entes federados subnacionais como usuários da moeda estatal. O método adotado é o crítico-argumentativo, objetivando, a partir dos próprios pressupostos teóricos da teoria monetária moderna, bem como de uma análise dos dispositivos constitucionais pertinentes à criação de moeda, demonstrar a inconsistência dessa divisão e a necessidade teórica e possibilidade prática de superá-lo. Após demonstrar a falta de sustentação teórica e os inconvenientes práticos da visão criticada – particularmente no tocante à assimetria de poder criada no seio do Estado federal e à inerente desarmonia do sistema tributário nacional –, o artigo propõe, então, uma alternativa, compatível com os ensinamentos da teoria monetária moderna, para o atual estado de coisas, nomeadamente a instituição de um orçamento unificado nacional. O trabalho se compõe de três partes: a primeira faz uma rápida exposição da teoria monetária moderna, destacando a natureza estatal da moeda e a divisão entre emissor e usuários da moeda estatal; a segunda faz a crítica à tese da divisão entre ente federado central emissor e entes subnacionais usuários da moeda estatal; e a terceira apresenta a proposta de orçamento unificado nacional.

Palavras-chave


Teoria monetária moderna. Moeda estatal. Emissor e usuários de moeda. Soberania monetária. Entes federados. Orçamento unificado nacional.

Texto completo:

PDF

Referências


Aguiar, J. C. de. Lições elementares de teoria geral do direito. Curitiba: CRV, 2020.

Baker, A.; Murphy, R. Modern monetary theory and the changing role of tax. Social Policy and Society, p. 1-16, 2019.

Bell, S. Do taxes and bonds finance government spending? Journal of Economic Issues, vol. 34, n. 3, p. 603-620, 2000.

Dalto, F. A.; Gerioni, E. M.; Ozzimolo, J. A.; Deccache, D.; Conceição, D. N. Teoria monetária moderna: a chave para uma economia a serviço das pessoas. Fortaleza, CE: Nova Civilização, 2020.

Dulci, O. S. Guerra fiscal, desenvolvimento desigual e relações federativas no Brasil. Revista de Sociologia e Política, n. 18, p. 95-107, 2002.

Echeverria, E de. Q. D; Ribeiro, G.F. O Supremo Tribunal Federal como árbitro ou jogador? A crise fiscal dos estados brasileiros e o jogo do resgate. Journal of Institutional Studies, vol. 4, n. 2, p. 642-671, 2018.

Ehnts, D. H. Modern monetary theory and European macroeconomics. New York: Routledge, 2017.

Fullwiler, S. T. Modern central bank operations: the general principles. In: Moore, B.; Rochon, L-P. (Eds.). Post-Keynesian monetary theory and policy: horizontalism and structuralism revisited. Cheltenham: Edward Elgar, 2013, p. 50-87.

Giacomoni, J. Orçamento público. 13 ed., ampliada, revista e atualizada. São Paulo: Atlas, 2005.

Graeber, D. Debt: the first 5000 years. New York: Melville House, 2011.

Hail, S. Economics for sustainable prosperity. London: Palgrave Macmillan, 2018.

Harvey, J. T. Currencies, capital flows, and crises: a post Keynesian analysis of exchange rate determination. London: Routledge, 2009.

Humphrey, C. Barter and economic disintegration. Man, New Series, vol. 20, n. 1, pp. 48-72, mar. 1985.

Ingham, G. Money: ideology, history, politics. Cambridge, UK: Polity, 2020.

Institute of Bard College, 2014.

Kelton, S. Limitations of the government budget constraint: users vs. issuer of the currency. Panoeconomicus, n. 1, p. 57-66, 2011.

Kelton, S. The deficit myth: modern monetary theory and the birth of people's economy. New York: Public Affairs, 2020.

Lonergan, R. Money. London: Routledge, 2014.

Martin, F. Money: the unauthorized biography. New York: Alfred A. Knopf, 2014.

Mendes, G. F.; Branco, P. G. G. Curso de Direito Constitucional, 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

Miltimore, S. M. La moneda del pueblo. Barcelona: Ediciones de Intervención Cultural, 2017.

Mitchel, W.; Wray, L. R.; Watts, M. Macroeconomics. London: Red Globe Press, 2019.

Moraes, A. de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2013.

Mosler, W. Soft currency economics II: what everyone thinks that they know about monetary policy is wrong. Christiansted, USVI: Valence Co, Inc., 2012.

Resende, A. L. Consenso e contrassenso: por uma economia não dogmática. São Paulo: Portfolio, 2019.

Rezende, F. C. The nature of government finance in Brazil. International Journal of Political Economy, vol. 38, n. 1, p. 81-104, 2009.

Ruml, B. Taxes for revenue are obsolete. American Affairs, vol. 8, n. 1, p. 35-39, 1946.

Serrano, F.; Pimentel, K. Será que 'acabou o dinheiro'? Financiamento do gasto público e taxas de juros num país de moeda soberana. Revista de Economia Contemporânea, vol. 21. n. 2, p. 1-29, 2017.

Wray, L. R. From the state theory of money to modern money theory: an alternative to economic orthodoxy. Levy Economics Institute Working Paper n. 792, Annandale-on-Hudson, NY: Levy Economics

Wray, L. R. Modern money theory: a primer on macroeconomics for sovereign monetary systems. 2nd Ed. London: Palgrave Macmillan, 2015.

Wray, L. R. Understanding modern money: the key to full employment and price stability. Cheltenham, UK: Edward Elgard, 1998.

Wray, L. R. Why Minsky matters: an introduction to the work of a maverick economist. Princeton: Princeton University Press, 2016.




DOI: https://doi.org/10.5102/rbpp.v12i3.7906

ISSN 2179-8338 (impresso) - ISSN 2236-1677 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia