A infeliz busca por felicidade no direito

Ursula Simões da Costa Cunha Vasconcellos, Noel Struchiner, Ivar Hannikainen

Resumo


Apesar da ausência de previsão expressa na Constituição, o posicionamento que vem ganhando destaque entre os juristas é o de que o direito à felicidade está implícito em nosso ordenamento, já tendo, inclusive, sido invocado por ministros do STF na resolução de casos emblemáticos. Sendo assim, torna-se importante compreender o conceito de felicidade. Pesquisas empíricas recentes - na contramão do usualmente defendido por psicólogos e alguns filósofos que estudam o tema - têm revelado que, quando um indivíduo avalia a felicidade de outro, são tipicamente levados em consideração tanto elementos descritivos (e.g. se o sujeito apresenta emoções positivas e satisfação com sua vida) quanto normativos (e.g. se o sujeito leva uma vida moralmente boa). No presente artigo, apresentamos os resultados de dois experimentos que investigam se o conceito de “felicidade” e, por extensão, o “direito à felicidade”, também dependem de valorações descritivas e normativas. Por fim, discutimos algumas implicações e riscos advindos do uso de um conceito moralmente carregado, como é a felicidade, na prática judicial.

Palavras-chave


Direito à Felicidade; Felicidade; Psicologia Experimental e Direito; Filosofia Experimental e Direito

Texto completo:

PDF

Referências


ALEXANDER, Joshua. Experimental philosophy: an introduction. Cambridge: Polity Press, 2012.

BAGARIC, Mirko; MCCONVILL, James. Goodbye justice, hello happiness: wilcoming positive psychology to the law. Deakin Law Review, v. 10, n. 1, 2005.

BERLIN, Isaiah. Liberty: incorporating four concepts of liberty. New York: Oxford University Press, 1969.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n.º 3.300, Relator Ministro Celso de Mello; Supremo Tribunal Federal, RE n.º 477.554; Superior Tribunal de Justiça, AREsp n.º 578.562, Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho; Superior Tribunal de Justiça, REsp n.º 1428849, Relator Ministro Moura Ribeiro; Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Agravo de Instrumento n.º 0062505-37.2014.8.19.0000, Desembargador Antônio Carlos dos Santos Bitencourt; Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Apelação n.º 0033507-63.2013.8.19.0204, Desembargador Bernardo Moreira Garcez Neto.

BRONSTEEN, John; BUCCAFUSCO, Christopher; MASUR, Jonathan. Happiness and the law. Chicago: The University of Chicago Press, 2015.

DIAS, Maria Berenice. Direito fundamental à felicidade. Revista Interdisciplinar de Direito da Faculdade de Direito de Valença, v. 8, p. 201-205, 2010.

FELDMAN, Fred. What is this thing called happiness? New York: Oxford University Press, 2010.

FOOT, Philippa. Natural goodness. New York: Oxford University Press, 2001.

FREY, Bruno. Happiness: a revolution in economics. Massachusetts: MIT Press, 2008.

GILBERT, Dan. Stumbling on happiness. New York: Vintage Books, 2006.

HAYBRON, Daniel. Happiness. The stanford encyclopedia of philosophy. Ed. Edward N. Zalta. 2011. Disponível em: https://plato.stanford.edu/archives/fall2011/entries.

HAYBRON, Daniel. The pursuit of unhappiness: the elusive psychology of well-being. New York: Oxford University Press, 2010.

HAYBRON, Daniel. The pursuit of unhappiness: the elusive psychology of well-being. New York: Oxford University Press, 2010.

KAHNEMAN, Daniel. Daniel Kahneman: the riddle of experience vs. memory, 2010. Disponível em: http://www.ted.com/talks/daniel_kahneman_the_riddle_of_experience_vs_memory?language=em. Acesso em: 20 maio 2018.

KAHNEMAN, Daniel. Experienced utility and objective happiness: a moment-based approach. In: Choices, values and frames. New York: Cambridge University Press and the Russell Sage Foundation, 2000.

KNOBE, Joshua; NICHOLS, Shaun. An experimental philosophy manifesto. (Org.). Experimental philosophy. New York: Oxford University Press, 2008.

LEAL, Saul Tourinho. Direito à felicidade. Rio de Janeiro: C&C Criações e Textos, 2014.

PETERSON, Christopher; PARK, Nansook; SELIGMAN, Martin. Orientations to happiness and life satisfaction: the full life versus the empty life. Journal of Happiness Studies, 2005.

PHILLIPS, Johnathan et al. True happiness: the role of morality in the folk concept of happiness. Journal of Experimental Psychology: General, v. 146, n. 2, p. 165-181, Feb. 2017.

PHILLIPS, Jonathan; MISENHEIMER, Luke; KNOBE, Joshua. The ordinary concept of happiness. Emotion Review, California, Sage Publications USA, v. 3, n. 3. 2011.

PHILLIPS, Jonathan; NYHOLM, Sven; LIAO, Shen-yi. The good in happiness. In: Oxford studies in experimental philosophy. Oxford: Oxford University Press, 2014. v. 1.

POSNER, Eric; SUNSTEIN, Cass (Ed.). Law and happiness. Chicago: The University of Chicago, 2010.

STRUCHINER, Noel; CHRISMANN, Pedro. Aspectos filosóficos e psicológicos das punições: reunindo algumas peças do quebra-cabeça. Caderno CRH, Salvador, v. 25, n. 2, p. 133-150, 2012.

STRUCHINER, Noel; VASCONCELLOS, Úrsula. Direito e felicidade: algumas implicações da teoria comportamental. In: FORTES, Pedro; CAMPOS, Ricardo; BARBOSA, Samuel. (Org.). Teorias contemporâneas do direito: o direito e as incertezas normativas. Curitiba: Juruá, 2016. v. 1.

SUIKKANEN, Jussi. An improved whole life satisfaction theory of happiness. International Journal of Wellbeing, v. 1, n. 1, 2011.




DOI: https://doi.org/10.5102/rbpp.v8i2.5265

ISSN 2179-8338 (impresso) - ISSN 2236-1677 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia