Reflexões epistemológicas de teoria das relações internacionais e teoria do direito: Governança global, regimes jurídicos, legitimidade, efetividade, direito reflexivo, pluralismo jurídico, coregulação e autoregulação.

Gabriela Garcia Batista Lima

Resumo


O presente artigo trata de algumas reflexões epistemológicas de relações internacionais para contemplar a “crise” epistemológica do direito. Crise no sentido de que estudos relacionados ao direito estatal são insuficientes para uma melhor aproximação com a realidade da globalização, em que o direito não se retém nos limites estatais. De um ponto de vista metodológico, busca-se atestar ferramentas para a análise do direito frente a efeitos de globalização, em um esforço sistêmico-luhmaniano na interação de conceitos de relações internacionais e de teoria do direito. A pesquisa tem seu valor no seu esforço para uma conciliação epistemológica que visa um diálogo entre instrumentos de análises do campo das relações internacionais e a teoria do direito, demonstrando-se como a construção de um possível conceito de governança global pode auxiliar no estudo da norma em um contexto globalizado. E, da mesma forma, como alguns conceitos de teoria do direito na globalização podem auxiliar no estudo da governança global, a partir dos conceitos de direito reflexivo, pluralismo jurídico, coregulação e autoregulação.

Palavras-chave


Governança global; direito reflexivo; pluralismo jurídico; coregulação; autoregulação

Texto completo:

PDF

Referências


ANDRADE, Adriana; ROSSETTI, José Paschoal.

Governança Corporativa: fundamentos, desenvolvimento

e tendências. São Paulo: Atlas, 2004.

ARON, Raymond. Paz e guerra entre as nações. Trad. Sérgio

Bath. Brasília: Universidade de Brasília, Instituto de

Pesquisa de Relações Internacionais, 2002.

BANCO MUNDIAL. What is our approach to

governance? Disponível em:

MKOGR258V0>. Acesso em: 28 jan. 2012.

BECK, Ulrich. O que é globalização? Equívocos do globalismo:

respostas à globalização. Trad. André Carone. São

Paulo: Paz e Terra, 1999.

BERNSTEIN, Steven. Legitimacy in Global

Environmental Governance. Journal of International Law

& International Relations, v. 1, n.1/2, p. 139-166.

BOBBIO, Norberto. Teoria da Norma Jurídica. Trad.

Fernando Pavan Baptista, Ariani Bueno Sudatti,

apresentação Alaôr Caffé. São Paulo: EDIPRO, 2001.

BLANC, David. L´Éco-labellisation et l´écocertification.

In: MALJEAN-DUBOIS, Sandrine.

L´outil économique en droit international et européen de

l´environement. Paris: La documentation française, 2002.

CASSESSE, Sabino. Administrative Law without the State:

The Challenge of global regulation, 2005

CZEMPIEL, Ernst-Otto. Governança e democratização. In: ROSENAU, James N.; CZEMPIEL, Ernst-Otto (Org.). Governança sem governo:

ordem e transformação na política mundial. Trad.

Sérgio Bath. Brasília: Universidade de Brasília, 2000.

DELMAS-MARTY, M. Les forces imaginantes du droit

(III): la refondation des pouvoirs. Editions du seuil,

DINGWERTH, Klaus; PATTBERG, Philipp. Global

governance as a perspective on world politics. Global

Governance, n. 12, p. 185-203, 2006.

DINH, Nguyen Quoc; DAILLIER, Patrick; PELLET,

Alain. Direito internacional público. Tradução de Vítor Marques

Coelho. 2. ed. Fundação Calouste Guldenkian, 2003.

FRYDMAN, Benoit. Coregulation: A possible legal

model for global governance: about globalization, views on

the trajectory of mondialisation. Brussels: Brussels

University Press, 2004. Disponível em:

com/abstract=1980176>. Acesso em: 02 mar. 2012.

GONÇALVES, Alcindo. O conceito de governança.

In: CONSELHO NACIONAL DE PESQUISA E

PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO, 2006, Manaus.

Anais... Manaus, 2006. Disponível em:

conpedi.org/manaus/arquivos/Anais/Alcindo%20

Goncalves.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2012.

HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre

facticidade e validade, Trad. Flávio Beno Seibeneichler.

Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. v. 1.

HERMITTE, Marie-Angèle. A fundação jurídica

de uma sociedade das ciências e das técnicas através

das crises e dos riscos. In: VARELLA, Marcelo Dias.

Direito, sociedade e riscos: A sociedade contemporânea

vista a partir da ideia de risco: rede Latino-Americana e

Europeia sobre governo dos riscos. Brasília: UniCEUB,

UNITAR, 2006. p. 11-56.

INTERNATIONAL CENTRE FOR

SETTLEMENT OF INVESTMENT DISPUTES.

Compañía del Desarrollo de Santa Elena, S.A. (“CDSE”)

x Costa Rica. 2000. Disponível em:

org/files/3928 _2000_santa_elena_v_costa_rica.pdf>.

Acesso em: 26 jul. 2012.

INTERNATIONAL CENTRE FOR SETTLEMENT

OF INVESTMENT DISPUTES. Metalclad x México.

Disponível em:

ICSID/FrontServlet?requestType=CasesRH&action

Val=showDoc&docId=DC542_En&caseId=C155>.

Acesso em: 26 jul. 2012.

INTERNATIONAL CENTRE FOR SETTLEMENT

OF INVESTMENT DISPUTES. Plasma Consortium

Limited (de Cyprus) X a República da Bulgária na Corte

Permanente de Arbitragem. Disponível em

encharter.org/index.php?id=269>. Acesso em: 26 jul.

JAYME, Erik. Le droit international privé du nouveau

millénaire: la protection de la personne humaine face à

la globalisation. In: CONFÉRENCE PRONONCÉE,

, 2000, Paris. Proceedings... Paris: Recueil dês Cours

de L’Académie de Droit International de la Haye, 2000.

KAUFMANN, Daniel. Rethinking governance: empirical

lessons challenge orthodoxy: the world bank.

Disponível em:

INTWBIGOVANTCOR/Resources/rethink_gov_

stanford.pdf>. Acesso em: 01 fev 2012.

KELSEN, Hans. Les rapports de systême entre le droit

interne et le droit international public. Hague Academy of

International Law, 1926

KEOHANE, Robert Owen; NYE, Joseph S. Power and

interdependence. 3. ed. United States: Longman, 2001.

KEOHANE, Robert Owen; NYE, Joseph S.

Globalization: what’s new? What’s not? (And so what?).

Foreing Policy, Washington, v.118, p. 104-119, spring 2000.

Disponível em:

/3040_386.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2012.

KEOHANE, Robert O. The demand for

international regimes: international organization.

International Regimes, v. 36, n. 2, p. 325-355, spring,

Disponível em:

ci=0020-8183%28198221%2936 %3A2%3C325%3AT

DFIR%3E2.0.CO%3B2-J>. Acesso em: 10 fev. 2012.

KRASNER, Stephen D. Structural conflict: the third

world against global liberalism. California: University

of California Press, 1985.

LUHMANN, Niklas. Sistemas sociales: lineamientos

para uma teoría general. tradution de silvia pappe y

brunhilde erker. Barcelona: Anthropos, 1998.

MALJEAN-DUBOIS, Sandrine. Le recours à

L´outil économique: un habit neuf pour les politiques

environnementales? In: MALJEAN-DUBOIS,

Sandrine (Org.). L´outil économique en droit international

et européen de l´environement. Paris: La documentation

française, 2002.

ORGANIZATION FOR ECONOMIC

COOPERATION AND DEVELOPMENT.

Sustainable Development Studies: institutionalising

sustainable development. OCDE Publishing, 2007.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Relatório

da comissão mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento.

o conceito de desenvolvimento sustentável. Disponível em:

. Acesso

em: 03 fev. 2012.

OST, F.; KERCHOVE, De. La pyramide au reseau: pour

une theorie dialectique du droit. Bruxelles: Publications

des Facultés universitaires Saint-Louis Boulevard du

Jardin Botanique, 2002.

PANGSPA, Piya; SMITH, Mark J. Political economy of

Southeast Asian Borderlands: migration, environment

and developing country firms. Journal of Contemporary, v.

, n. 4, nov. 2008

PATERSON, Matthew. Interpreting trends in global

environmental governance. International Affairs: Royal

Institute of International Affairs 1944, v. 75, n. 4, p. 793-

, oct. 1999. Disponível em:

i?sici=00205850%28199910%2975%3A4%3C793%3AIT

IGEG%3E2.0.CO%3B2-V>. Acesso em: 20 mar. 2012.

PLATIAU, Ana Flávia Barros. Novos atores, governança

global e o direito internacional ambiental. 2001. (Série

Grandes Eventos. Meio Ambiente).

REALE, Miguel. Teoria tridimensional do direito. 2. ed.

São Paulo: Saraiva, 1979.

ROGER, Apolline. Corégulation et Politique

climatique de l´Union Européene. Le rôle des accords

environnementaux. In: MALJEAN-DUBOIS,

Sandrine; ROGER, Appolline. L´implication des

enterprises dans les politiques climatiques: entre corégulation

et autorégulation. France: CERIC, 2011.

ROSENAU, James N. Governança, ordem e

transformação na política mundial. In: ROSENAU,

James N.; CZEMPIEL, Ernst-Otto (Org.). Governança

sem governo: ordem e transformação na política mundial.

Tradução de Sérgio Bath. Brasília: Universidade de

Brasília, 2000.

ROSENAU, James N.; CZEMPIEL, Ernst-Otto

(Org.). Governança sem governo: ordem e transformação

na política mundial. Trad. Sérgio Bath. Brasília:

Universidade de Brasília, 2000.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Vers un nouveau sens

commun juridique. Droit, science et politique dans la transition

paradigmatique. Traduction de Nathalie Gonzales Lajoie.

Paris: LGDJ, 2004.

TEUBNER, Gunter. Breaking frames: Economic

globalisation and the emergence of Lex mercatoria.

European Journal of Social Theory, v. 5, p. 199-217, 2002.

TEUBNER, Gunter. Droit et réflexivité: l´auto-référence

en droit et dans l´organisation. Traduit de l´allemand

par Nathalie Boucquey avec la collaboration Gaby

Maier. Bruylant: L.G.D.J, 1996.

THOYER, Sophie. Global public good and governance

of sustainable development. In: THOYER, Sophie;

MARTIMORT-ASSO, Benoît (Ed.). Participation for

sustainability in trade. England: ASHGATE Publishing, 2007.

VARELLA, Marcelo Dias. A efetividade do direito

internacional ambiental: análise comparativa entre as

convenções da CITES, CDB, Quioto e Basileia no Brasil.

In: PLATIAU, Ana Flávia Barros; VARELLA, Marcelo

Dias (Org.). A efetividade do direito internacional ambiental.

Brasília: UNICEUB, UNITAR, Unb, 2009. p. 29-50.

VARELLA, Marcelo Dias. A crescente complexidade

do sistema jurídico internacional. Alguns problemas

de coerência sistêmica. Revista de Informação Legislativa,

Brasília, ano 42, n. 167, p.135-170, jul./set. 2005.

YOUNG, Oran R. A eficácia das instituições

internacionais: alguns casos difíceis e algumas variáveis

críticas. In: ROSENAU, James N.; CZEMPIEL,

Ernst-Otto (Org.). Governança sem governo: ordem e

transformação na política mundial. Tradução de Sérgio

Bath. Brasília: Universidade de Brasília, 2000.

YOUNG, Oran R. Teoria de Regimes e a busca de

Governança Global. In: VARELLA, Marcelo Dias;

PLATIAU, Ana Flávia Barros (Org.). Proteção internacional

do meio ambiente. Brasília: UNITAR, UniCEUB, UnB,

p. 371-398.

WEISS, Thomas G. Governance, good governance and

global governance: conceptual and actual challenges.

Third World Quarterly, v. 21, n. 5, p-795-814, oct. 2000.

Disponível em:

%28200010%2921%3A5%3C795%3AGGGA

GG% 3E2.0.CO%3B2-O>. Acesso em: 29 jan. 2012.

WIGHT, Martin. A política do poder. 2.ed. Brasília:

Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisa de

Relações Internacionais, 2002.

ZACHER, Mark W. Os pilares em ruína do templo

de Vestfália: implicações para a governança e a ordem

internacional. In: ROSENAU, James N.; CZEMPIEL,

Ernst-Otto (Org.). Governança sem governo: ordem e

transformação na política mundial. Tradução de Sérgio

Bath. Brasília: Universidade de Brasília, 2000. p. 92-95.




DOI: https://doi.org/10.5102/rdi.v11i1.2069

ISSN 2236-997X (impresso) - ISSN 2237-1036 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia