Utilização da escala de alvarado no diagnóstico da apendicite aguda em pacientes idosos

Nathalia Moura Ramos, Eduarda Luz Barbosa Alarcão, Alberto Vilar Trindade

Resumo


A apendicite aguda (AA) é a causa mais comum de abdome agudo cirúrgico e
representa cerca de 20% das intervenções cirúrgicas, com 5% a 10% dos casos ocorrendo nos
idosos. Nesse grupo, a apresentação atípica ou inespecífica da doença prejudica o
diagnóstico precoce, que pode ser feito através do Escore de Alvarado. A relevância de
investigar a AA nos idosos justifica-se pelo aumento na incidência da doença, peculiaridades
na apresentação clínica, diagnóstico e tratamento desafiadores, bem como por maiores taxas
de complicações, maior tempo de hospitalização, pior prognóstico e maior morbimortalidade
em comparação aos jovens. Trata-se de um estudo prospectivo, observacional e descritivo,
no qual se analisou a utilização do Escore de Alvarado no diagnóstico de AA em pacientes
acima de 60 anos operados de AA (grupo amostra) e comparou-se com dados semelhantes
em pacientes de 18 a 30 anos, também operados de AA (grupo controle), em quatro
hospitais regionais do Distrito Federal. Utilizou-se como instrumento de pesquisa um
questionário composto por informações de identificação, pela Escala de Alvarado e
perguntas acerca do tempo de investigação diagnóstica, bem como o prontuário eletrônico
para demais informações necessárias. Segundo os critérios analisados pela escala, os
sintomas mais prevalentes na amostra foram dor em quadrante inferior direito e náuseas
e/ou vômitos (100%), seguidos por sinal de Blumberg presente e anorexia (66,6%),
leucocitose e dor abdominal migratória (33,3%). Nenhum paciente apresentou neutrofilia e
febre, em concordância com os resultados do grupo controle, no qual também não se
observou febre. Dentre os idosos analisados, 33,3% apresentou baixa probabilidade de
apendicite, 33,3% possível chance de AA e 33,3% provável caso de AA. Em contraste, 100%
do grupo controle apresentou apendicite quase confirmada. Ademais, na amostra, o tempo
médio do início dos sintomas até a internação foi de 90,6 horas, com intervalo de 24 a 168
horas, enquanto o período da internação até a terapêutica apresentou alta variação,
considerando que 66,6% foi operado precocemente, em menos de 5 horas, e 33,3% de forma
tardia, em mais de 24 horas. A duração média da internação foi de 32 horas. Dessa forma, é
perceptível a importância de um maior entendimento e análise particular dos pacientes
idosos com apendicite aguda, além de estratégias e métodos que melhorem a acurácia e
propiciem um diagnóstico precoce dessa patologia. Sabe-se que a utilização da Escala de
Alvarado é bem documentada e validada em pacientes jovens, entretanto, nos idosos,
maiores estudos são necessários para confirmar a eficácia da mesma como ferramenta
complementar e, assim, propor possíveis modificações nos parâmetros de interpretação,
visando o diagnóstico precoce neste grupo. Apesar da limitação da amostra, o presente
estudo demonstrou que pacientes de faixa etária avançada com AA apresentam menores
pontuações na Escala de Alvarado em comparação aos pacientes jovens, achado concordante
com a literatura atual, o que reforça a necessidade de maior atenção à esses grupo,
considerando suas particularidades, que tornam o diagnóstico precoce e a terapêutica um
desafio


Palavras-chave


apendicite; idoso; diagnóstico; abdome agudo

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8997

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