Saúde mental de profissionais da área de saúde mental: percepção do impacto a partir das mudanças exigidas na atuação profissional em função da pandemia

Beatriz Reis Afonso, Marina Coleta Drago, Tania Inessa Martins de Resende

Resumo


A pandemia do COVID-19 impactou negativamente a saúde mental da população mundial. Os profissionais de saúde, por estarem na linha de frente, sob estresse constante, também adoeceram neste período. Além disso, pesquisas apontam que profissionais de saúde mental, por lidarem com o sofrimento psíquico diariamente, são mais vulneráveis ao adoecimento mental que a média da população, tendo em vista que há uma maior carga emocional demandada por eles. Com isso, o objetivo da presente pesquisa foi analisar a percepção dos profissionais da saúde mental acerca de sua própria saúde mental no contexto de pandemia, descrevendo se houve correlação, na percepção dos profissionais, entre o trabalho em saúde mental e a piora do adoecimento desses. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 10 trabalhadores de saúde mental do Distrito Federal; tendo como área de atuação psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais; que trabalham em serviços de saúde públicos e privados; devendo ter mais de 5 anos de atuação na saúde mental. Para realizar a análise das entrevistas, foi utilizada a Hermenêutica de Profundidade, uma metodologia para pesquisas qualitativas. Os resultados sugerem aumento dos casos de sofrimento psíquico na população em geral, com predomínio de sintomas depressivo e de ansiedade, fato que contribuiu para o aumento na demanda por serviços de saúde mental. Além disso, o presente trabalho identificou que os profissionais que atuam na área da saúde mental foram afetados psicologicamente de diversas formas pela pandemia do COVID-19 e constatou que não houve, na percepção dos entrevistados, nenhuma ação por parte do governo que ajudasse tais trabalhadores nesse quesito, contribuindo para o adoecimento desses. Por fim, a análise realizada das entrevistas sugere, em algumas circunstâncias, uma dificuldade dos profissionais para reconhecer o próprio sofrimento psíquico, fato que ratifica a existência ainda de estigma existente na área da saúde acerca da saúde mental dos trabalhadores. Dessa forma, é necessário que haja mudanças no cotidiano dos serviços e, também, ações de promoção à saúde mental dos profissionais, sendo um exemplo a capacitação continuada dos servidores. Para que, deste modo, exista o cuidado com os cuidadores, sem negligenciar a saúde dessa parcela da população

Palavras-chave


Profissional de saúde mental; Sofrimento psíquico; COVID-19

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8989

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