Prevalência do uso de drogas de desempenho entre estudantes de medicina de uma instituição de ensino privada de Brasília

Ana Paula Vilela Miranda, Maria Carolina de Araújo Seixas, Alexsandro Barreto Almeida

Resumo


Os psicoestimulantes são substâncias que atuam por mecanismos que favorecem o
aprendizado, memória e concentração. Eles podem ter origem natural ou sintética, que
necessitam ou não de prescrição médica para seu uso. Os principais estimulantes
encontrados em nosso meio são a cafeína, bebidas energéticas, pó de guaraná e
metilfenidato. Essas “smart drugs” são consumidas com frequência por estudantes e no
meio acadêmico, o uso é encontrado em prevalência entre os estudantes de medicina. Isso
se deve à possibilidade desses fármacos aumentarem o desempenho do aluno, efeito muito
desejado visto a excessiva carga horária do curso, bem como a abundância de conteúdo e
provas extensas. Assim, nota-se a alta procura pelas drogas, mesmo que essas tragam efeitos
colaterais e possibilidade de dependência e tolerabilidade. O presente estudo teve como
objetivo analisar a prevalência do uso de drogas de desempenho entre estudantes de
medicina e descrever os principais efeitos colaterais percebidos pelos estudantes. Foi
realizado, portanto, um estudo de caráter observacional e transversal, utilizando dados
obtidos a partir de questionário anônimo disponibilizado pela plataforma Google Forms. Foi
obtido uma amostra de 143 alunos do curso de medicina de uma universidade privada de
Brasília, matriculados entre o 1º e 12º semestre. Foi encontrado a prevalência do sexo
feminino e principal faixa etária entre 17 e 26 anos. Observou-se a prevalência do consumo
de cafeína (83,92%) e bebidas energéticas (70,63%) na amostra, seguidas de pó de guaraná e
metilfenidato, sendo que deste último, consumido por 16,78% dos estudantes, apenas 40%
possuem prescrição para o uso. Em todos os estimulantes foi observado que o início do uso
se deu antes da faculdade e a motivação principal foi a inibição do sono bem como o
aumento da concentração. Os estudantes que consomem cafeína foram os que mais
necessitam do aumento de dose para obter o mesmo efeito desde que iniciou o consumo e
62% percebem melhora no rendimento acadêmico após seu uso. Em contraponto, os
usuários de todos os outros estimulantes analisados não compõem a maioria na percepção
de melhora do rendimento. Ademais, os principais efeitos colaterais percebidos pelos alunos
após o consumo dos fármacos são a cefaleia, taquicardia, ansiedade e tremores nas mãos.
Sendo assim, foi possível observar a prática comum do uso de substâncias estimulantes entre
os acadêmicos de medicina, bem como o aumento da utilização antes do período de
avaliações, como encontrado nas principais pesquisas acerca do assunto. Infere-se a
importância do debate acerca do uso descontrolado dessas substâncias, visto que, mesmo na
presença de efeitos colaterais indesejados, a procura pelo consumo continua sendo prática
recorrente entre os estudantes da área


Palavras-chave


psicoestimulantes; drogas de desempenho; smart drugs; estudante de medicina

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8986

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