Estudo comparativo das alterações anatomopatológicas da apendicite aguda entre pacientes idosos e jovens

Anne Caroline Castro Pereira, Bruna Paiva de França, Alberto Vilar Trindade

Resumo


A apendicite aguda (AA) é uma das causas mais prevalentes de dor abdominal e ocorre mais comumente em pacientes abaixo de 30 anos. O diagnóstico dessa condição pode ser desafiador em grupos que fogem a apresentação típica, contribuindo para um diagnóstico tardio e complicações. Dessa forma, torna-se necessário melhor entendimento da AA nos idosos, uma vez que o aumento da expectativa de vida faz com que os médicos se deparem cada vez mais com essa condição no grupo de faixa etária avançada. Por apresentarem resposta fisiológica alterada e achados clínicos diferentes, o diagnóstico da AA e seu tratamento em idosos cursam com atraso. Além disso, a progressão para uma apendicite perfurada também aumenta com a idade. No entanto, ainda não é conhecido se isso se deve à apresentação tardia da condição ou a um curso mais agressivo da doença. Sabe-se, porém, que a associação desses contextos leva à alta morbimortalidade da doença nessa faixa etária. Foi feito um estudo observacional, com análise dos aspectos anatomopatológicos e sintomatológicos de pacientes acima de 60 anos operados de AA em 4 hospitais do Distrito Federal: Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), Hospital Regional de Taguatinga (HRT), Hospital Regional da Ceilândia (HRC) e Hospital Regional do Gama (HRG). Para constituir o grupo-controle, foram procurados pacientes com AA entre 18 e 30 anos operados no mesmo período. Foi aplicado um questionário que avaliava condições relacionadas à doença, internação e progressão, sendo preenchido por respostas dos pacientes e a partir de análise da base de dados do hospital. Tentou-se realizar uma busca ativa dos pacientes, por meio de contato com a clínica cirúrgica dos hospitais, sendo alcançados 4 pacientes (3 idosos e 1 jovem). Em 50% dos casos, o 1º sintoma foi dor abdominal difusa, enquanto dor abdominal no quadrante inferior direito foi um sintoma comum a todos. Apenas o jovem teve febre e parada de eliminação de flatos. O intervalo entre sintomas e procura pelo médico variou de 12 horas a 7 dias. Dois idosos apresentaram leucocitose e creatinina sérica elevada. Todos os pacientes foram submetidos a tomografias computadorizadas (TC) de abdome, sendo necessária ultrassonografia em 1 idoso. O achado anatomopatológico comum entre os 3 idosos foi presença de lúmen estreito do apêndice e outros achados neles foram infiltração gordurosa e necrose. Como complicações dos idosos, um teve achado de neoplasia benigna. O tempo de internação variou de 24 a 48 horas. A partir do estudo comparativo, apesar da menor precisão devido à reduzida amostra, concluiu-se que idoso cursa com clínica menos clássica que jovem, prolongando o tempo diagnóstico. No entanto, a AA foi identificada e a cirurgia realizada rapidamente. Ademais, a presença unânime de estreitamento do lúmen, processo comum ao envelhecimento, favorece a patologia e complicações. As limitações do estudo incluíram curto tempo de duração, o acesso limitado aos pacientes e o reduzido tempo de internação pós-apendicectomia. Contudo, o conteúdo da pesquisa é promissor, tendo em vista que no limitado grupo participante já se notaram diferenças da anatomopatologia de jovem e de idoso

Palavras-chave


apendicite; patologia; idoso

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8950

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