A (in)felicidade em tempos neoliberais: relações com modos de existência nas cidades

Natasha Tonetti Abdul Hak, Leonardo Cavalcante Araújo de Mello

Resumo


Frente à contemporaneidade dos efeitos do neoliberalismo, é preciso investigar seus paradigmas, tendo em vista que tanto seus valores quanto suas normas perpassam pelos processos de individualização dos sujeitos. Nesse sentido, a felicidade se torna um instrumento de aprimoramento da produção e do desempenho, sendo vivenciada como uma obrigatoriedade. Diante desse cenário, a presente pesquisa buscou investigar como a cultura da felicidade no neoliberalismo se relaciona com os processos de sofrimento psíquico vivenciados pelos sujeitos nas cidades. Utilizou-se de uma metodologia qualitativa de pesquisa e, para a análise das informações, apoiou-se no referencial metodológico e epistemológico da Análise do Discurso (AD) de orientação francesa. Para investigar de que formas a cultura neoliberal de felicidade se articula com os modos de existência nas cidades, portanto, foi realizado um trabalho de campo em um território na região central da cidade de Brasília (DF), por um período de três meses. A partir da aproximação de vínculo entre a pesquisadora e os participantes, foram conduzidas três entrevistas do tipo semiestruturada, organizada por perguntas abertas e fechadas. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas. Pela metodologia da AD, a análise das informações qualitativas consistiu em traçar as hipóteses sobre os lugares ideológicos dos quais os participantes se manifestaram. Além disso, pelo fato da pesquisadora ter se inserido em campo, os resultados da pesquisa foram discutidos não apenas pelas vivências dos participantes e falas que emergiram das entrevistas, mas também das observações e impressões da pesquisadora enquanto praticante da cidade. Como uma forma de organizar as discussões realizadas, a análise foi dividida em dois eixos temáticos, sendo eles: i) a felicidade como um imperativo moral; e ii) as (in)felicidades existentes na cidade. Em relação ao primeiro eixo analisado, foi possível destacar as nuances sociais, culturais e psicológicas da felicidade como um imperativo moral do neoliberalismo, além de uma significativa negação das outras formas de sentimento. Já no que se refere ao segundo eixo temático, foram observadas as relações entre os modos de existência nas cidades e o imperativo neoliberal de felicidade, ressaltando, ainda, como esses ideais têm repercutido em formas de sofrimento psíquico para os sujeitos da cidade

Palavras-chave


Felicidade; Neoliberalismo; Cidades; Sofrimento Psíquico; Produtividade.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8866

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