Prevalência de transtornos mentais menores e caracterização de perfil epidemiológico entre estudantes de medicina: uma amostra de Brasília – DF

Tamires Martinelli de Oliveira Ferraz, Gabriella Melo Ximenes Damásio, Alberto Vilar Trindade

Resumo


Transtornos mentais menores (TMM) representam os quadros menos graves e mais
frequentes de transtornos psiquiátricos na população, comumente associados a sintomas de
mal-estar e/ou de incapacidade. Este estudo tem como objetivo estimar a prevalência de
TMM entre estudantes de graduação em Medicina do Centro Universitário de Brasília
(UniCEUB), descrever e caracterizar o perfil epidemiológico dessa população para análise e
planejamento de ações específicas, correlacionando essa prevalência com os possíveis fatores
de risco. Trata-se de um estudo descritivo, correlacional e de corte transversal, desenvolvido
com 170 universitários matriculados na graduação em Medicina UniCEUB. A seleção dos
participantes foi realizada por meio do envio do questionário por redes sociais, com adesão
voluntária e anônima. Para a participação no estudo, foi apresentado o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Os critérios de elegibilidade para participação foram:
identidade de gênero feminina ou masculina; idade de 18 a 38 anos; cursar os ciclos básico,
clínico ou de internato. Para estimar a prevalência de transtornos foi utilizado o Brief Symptom
Inventory (BSI) e criada uma plataforma online, intitulada “Inventário de conhecimento,
atitudes e práticas de risco e prevalência de transtornos psicológicos e do comportamento
entre universitários”. Foram realizados 3 tipos de análises: análise de correlações, utilizando o
coeficiente V de Cramer; teste qui-quadrado de independência e análise de regressão linear
múltipla. A amostra foi composta por 73,53% (n=125) participantes do sexo feminino e 26,47%
(n=45) masculino, sendo que 85,29% (n=145) têm entre 18 e 24 anos, 11,76% (n=20) têm entre
25 e 30 anos, 2,94% (n=5) têm mais de 30 anos de idade. Em relação aos eixos de educação
na graduação em Medicina, 35,29% (n=60) estão no ciclo básico, 44,12% (n=75) no clínico e
20,59% (n=35) no internato. Ao investigar o funcionamento cognitivo, emocional e social da
amostra participante do estudo, com a utilização do instrumento de testagem e avaliação
psicológica BSI, foi evidenciado que 51,2% (n=87) classificam-se como casos suspeitos de
TMM. Destes 21,18% (n=36) possuem traço de Somatização; 13,56% (n=23) têm
Comportamento Obsessivo-Compulsivo; 43,53% (n=74) estão com Sensibilidade Interpessoal;
21,18% (n=36) possuem sintomas relativos à Depressão e 39,41% (n=67) de Ansiedade; 9,41%
(n=16) têm Comportamento Hostil; 10,59% (n=18) estão num nível de Ansiedade Fóbica;
6,47% (n=11) em Ideação Paranóide e 34,12% (n=58) com alto índice de Psicoticismo. O estudo
evidenciou a importância em se investigar o bem-estar psicológico dos universitários, que
estão em vulnerabilidade, com a prevalência de transtornos mentais menores estimada acima
da população geral, evidenciando maior susceptibilidade no gênero feminino. Estas são
importantes observações, considerando que o sofrimento psicológico pode ter implicações
consideráveis nos processos de ensino-aprendizagem e consequentemente no
desenvolvimento do futuro profissional de saúde. Dessa forma, a graduação em Medicina
assume um papel de agente catalisador de aspecto desencadeador nos casos de adoecimento.
Sendo assim, é necessário a construção de ações integradas de prevenção e tratamento dos
universitários, além de estudos longitudinais para identificar outros possíveis impactos na vida
pessoal e na formação da prática clínica na construção da carreira profissional.


Palavras-chave


Estudante; Medicina; Transtornos Mentais Menores.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8327

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