Apendicite aguda em pacientes de faixa etária avançada: estudo dos achados cirúrgicos, achados anatomopatológicos, e das complicações pós-operatórias

Silvia Carolina Bialeski de Souza, Rodrigo Soares Pereira, Alberto Vilar Trindade

Resumo


Introdução: O envelhecimento da população é visto como um dos maiores triunfos como também um dos maiores desafios da humanidade, estando relacionado principalmente ao aumento da expectativa de vida pelas melhores condições de saúde e pela diminuição da taxa de fecundidade. Nesse contexto, apendicite aguda (AA), além de ser a patologia cirúrgica mais frequente, mesmo sendo comum em crianças e adultos jovens, vem apresentando uma incidência importante na população idosa. Nestes, entretanto, o diagnóstico mostra-se dificultado por anamnese incompleta ou confusa e características clínicas atípicas, além das múltiplas comorbidades, dificultando a propedêutica. Por isso, é de grande importância uma análise em particular deste grupo, visto a maior morbimortalidade que pode ocorrer e que esse acometimento na população geriátrica está relacionado a um atraso tanto diagnóstico quanto terapêutico. Dessa forma, objetiva-se investigar e comparar o achado cirúrgico, o achado anatomopatológico e a evolução pós-operatória com as possíveis complicações em pacientes idosos com AA internados na Unidade de Cirurgia Geral (UCG) do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Metodologia: Trata-se de estudo retrospectivo, qualitativo- quantitativo, com base em coorte extraída de prontuários eletrônicos de pacientes idosos que tiveram quadro de AA, internados e operados no HRAN durante o período de janeiro/2012 a dezembro/2017. Para compor a amostra foram considerados como critério de inclusão idade igual ou superior a 60 anos, dentro do CIDK.35, e que foram submetidos a apendicectomia, permanecendo internados por período igual ou superior a 24 horas. Para cada idoso, na intenção da composição do grupo controle, foi selecionado aleatoriamente dois pacientes de 18 a 30 anos, operados de AA no período descrito. Foram excluídos pacientes submetidos a laparotomia exploratória cujo diagnóstico operatório não foi confirmado. Resultados: Foram analisados 336 pacientes, 112 do grupo amostral e 224 do grupo controle. A faixa etária média dos participantes da amostra foi de 68,72±7,39 e do controle foi de 21,13±3,57, sendo a maioria do sexo masculino. A maioria dos participantes foi submetido a laparotomia, sendo que no grupo amostral a incisão infraumbilical foi a mais empregada, o que pode estar relacionado com a apresentação de AA complicada, enquanto no grupo controle, a incisão à Davis. A maioria das apendicectomias apresentavam Apêndice Grau I, mostrando uma terapêutica cirúrgica mais precoce destes paciente no hospital em estudo. A taxa de videolaparotomias foi pequena, mostrando ser uma técnica pouco empregada na instituição. O estudo anatomopatológico mostrou que a maioria das peças cirúrgicas se encontravam na caracterização de Apendicite Flegmônica e Apendicite Gangrenosa. A taxa de complicação nos idosos foi o dobro em relação aos jovens, sendo a infecção de ferida operatória a complicação mais frequente. A mortalidade foi mínima. Considerações finais: A AA continua sendo uma patologia cirúrgica com uma incidência importante no público em geral, assim como na população geriátrica, mas apresenta uma mortalidade mínima, mostrando sua resolutividade a partir do tratamento cirúrgico. É importante ressaltar a alta taxa de complicação no pós-operatório na população idosa analisada, podendo estar relacionada as apresentações mais complicadas de AA visto tanto no achado operatório quando na análise anatomopatológica


Palavras-chave


Apendicite Aguda; Idosos; Envelhecimento.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n1.2018.6336

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