EFEITOS DO REGIME DO FOGO E DA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO SOBRE A ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE LEPIDÓPTEROS (INSECTA, LEPIDOPTERA) EM ÁREAS SOB MANEJO DE FOGO EXPERIMENTAL NA RESERVA ECOLÓGICA DO RONCADOR - BRASÍLIA, DF

André Elias-Paiva, Fabricio Escarlate-Tavares

Resumo


Embora nas últimas décadas tenha ocorrido um aumento na quantidade de estudos
publicados acerca da Ecologia do Fogo, ainda há lacunas sobre o impacto das queimadas no
bioma Cerrado. Sabe-se, que aquelas provocadas por ações antrópicas são quase em sua
totalidade danosas as dinâmicas ecológicas, entretanto, algumas podem gerar um efeito na
ciclagem da matéria orgânica, o que desencadeia efeitos secundários que promovem a
manutenção do ecossistema. Durante o final da década de 90 e início dos anos 2000 foi
desenvolvido um estudo de longa duração, que envolveu diferentes tratamentos de fogo
manejado com o objetivo de compreender os efeitos do fogo na biota do Cerrado, tendo como
área experimental a Reserva Ecológica do Roncador. Tais queimadas eram prescritas a cada
dois, ou quatro anos, nos períodos que marcavam o início, meio e fim da estação da seca,
além da área mantida sem queimas para comparações futuras. O experimento foi encerrado
há cerca de dez anos e desde então a área não mais foi submetida a queimadas. Frente a esses diferentes tratamentos de fogo, o presente estudo utilizou animais bioindicadores, em
específico, lepidópteros frugívoros como parâmetro para avaliar a existência de efeitos de
médio e longo prazo na biota em área de Cerrado após as queimadas, considerando os
diferentes tratamentos, a. As amostragens foram feitas com armadilhas VSR, com uso de isca
específica para atração desses animais. Ao todo, mais de mil indivíduos foram capturados ao
longo da pesquisa. Foram coletados dados da vegetação de cada ponto de coleta. A curva de
acumulação de espécies mostrou uma tendência a ser estabilizada, o que indica que a
amostragem das espécies foi satisfatória. Os resultados incluem o registro da espécie
Hamadryas amphinome. Até então o gênero Hamadryas era representado na localidade pelas
espécies H. februa e H. feronia. Esta espécie foi capturada na parcela referente a queimada
quadrienal, o que sugere que o fogo atue como agente mantenedor do Cerrado, pois com a
passagem do fogo, novas espécies de plantas podem se instalar, trazendo consigo a ocorrência
de espécies da fauna que se beneficiam com a sua presença. A estrutura da vegetação parece
não exercer grande influência sobre a riqueza de espécies, pois as diferenças nas variáveis
analisadas em cada tratamento não se mostraram tão significativas, o que pode indicar que
após os dez anos da última queimada a vegetação alcançou certo grau de restauração. O
diâmetro de lenhosas, foi a variável que melhor expressou os impactos de longo prazo das
queimadas, pois é possível inferir que o fogo com uma maior incidência, menor intervalo de
tempo, atua de maneira a beneficiar árvores e plantas de maior porte, expectativa já bem
difundida na literatura. Este resultado corrobora as diferenças evidenciadas com base nas
análises da fauna de lepidópteros e evidencia que as queimadas no Cerrado têm efeitos
perceptíveis no médio e longo prazo


Palavras-chave


cerrado, fogo, Lepidoptera.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n3.2017.5840

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