A COMUNICAÇÃO NO “MERCADO SUL VIVE!”, TAGUATINGA – DF: OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DA ESTÉTICA DE COMUNICAÇÃO VISUAL LOCAL E PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIO SOBRE O MOVIMENTO DE REVITALIZAÇÃO CULTURAL COMUNITÁRIO

Rodrigo de Oliveira Rodrigues, Cezar Augusto Camilo Silva, Ursula Betina Diesel

Resumo


Esta pesquisa trata da compreensão dos elementos comunicacionais dentro da
estética visual urbana no processo de ressignificação da cidade, vivenciando a ação
do projeto composto por coletivos populares, conhecido como “Mercado Sul Vive”,
no Mercado Sul, Taguatinga-DF. Em 2013, o grupo realizou ocupações estratégicas
nas construções do complexo, estruturas abandonadas na época, sem nenhuma
razão social. Desde então, empenham-se em revigorar o espaço, além de
ressignificar a região no intuito de fortalecer a cultura popular de Taguatinga. Nas
vivências com a comunidade do Mercado Sul, foi perceptível o desenvolvimento de
técnicas e estratégias comunicacionais no contexto urbano, como rádio livre, feiras
de artesanato mensais, composteiras e hortas urbanas, além de intervenções
urbanas gráficas ou performáticas que configuram a estruturação de viés
comunicacional em função da conectividade entre o espaço vivenciado e a
população. Foi objetivo geral deste trabalho identificar as intervenções artísticas
visuais e performáticas, bem como a rádio comunitária e o processo de “revivação”
realizadas no espaço do Mercado Sul, como elementos comunicacionais integrados
à espacialidade do cenário urbano. É importante salientar que não é propício o uso
da expressão “revitalização”, pois este processo é facilmente atrelado a um processo
de gentrificação, ou seja, ignorar por completo a atuação da comunidade no
processo de revivamento, expulsando-a aos poucos com mudanças na lógica de
funcionamento do espaço, além de um aumento na especulação imobiliária. O que o
movimento propõe é a renovação de sentidos do espaço comunitário. Um dos
objetivos desta pesquisa foi registrar os componentes desse diálogo urbano para
retornar o material em forma de documentário à comunidade. O material audiovisual
usado para a edição do minidocumentário foi entregue a representantes do grupo,
bem como o curta já finalizado. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, uma vez que
procuramos entender melhor a comunicação de um movimento urbano em prol da
cidade analisando elementos comunicacionais distintos, resultado das vivências no
espaço e junto à comunidade. Dentre outros, foram destacados os elementos
visuais. São de grande importância para entender a quebra de paradigmas que o
movimento nos traz: stencils, lambe-lambes, composteiras e outras formas que os
moradores encontraram de tornar o ambiente mais pessoal e sustentável. O grupo
focal também foi importantíssimo como método para apreensão do que pensam
alguns representantes da comunidade e do movimento de ressignificação desse 
ambiente. Destaca-se o aprendizado utilizando a pesquisa-ação, através do
encontro e da imersão dos pesquisadores dentro da realidade estudada. Assim,
conclui-se ser possível produzir uma relação propícia à produção de conhecimento e
informação realmente efetivos para sociedade; mudar a perspectiva de uma
hierarquia do conhecimento, onde a academia é colocada como detentora do saber,
e deixar que as vozes dos transformadores sociais ecoem para dentro do cenário
acadêmico. Observamos, na produção do documentário, uma refuta à semelhante
conjuntura hierárquica presente nos elementos comunicacionais do grupo de
“revivação” da urbe. Transmissões radiofônicas por softwares livre via internet e
intervenções urbanas são componentes de comunicação que alimentam a cultura
popular no sentido inverso à especulação e triagem dos agentes sociais que
realmente fazem a diferença


Palavras-chave


Mercado Sul Vive. Comunicação. Documentário.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n3.2017.5785

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