O MÉTODO DE ENSINO NOS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NA ESCOLA

Flávia Inês de Carvalho Barros, Luciana Oliveira Campolina

Resumo


O presente projeto teve como objetivo compreender a maneira que os diferentes
métodos de ensino participam no processo de subjetivação dos alunos na escola.
Para tanto, investigamos a produção de sentidos subjetivos de alunos do terceiro
ano do ensino fundamental de escolas públicas em Brasília, a partir das
experiências singulares implicadas aos métodos de ensino. O estudo foi baseado na
teoria histórico-cultural da subjetividade, que compreende que o ser humano
constitui e é constituído por um contexto histórico, que produz sentido sobre suas
vivências singulares e que configura uma subjetividade social a partir da dinâmica
do meio e de sua própria subjetividade individual. A metodologia utilizada foi
baseada na epistemologia a qualitativa e no método construtivo-interpretativo de
González Rey (1999). Essa metodologia compreende que o conhecimento é
produzido a partir de interpretação do pesquisador em sua condição de sujeito e
participante da pesquisa. Valoriza a instância do singular como via de produção que
permite construir indicadores sobre a relação do individual e do social. Além disso,
destaca o papel da comunicação com os participantes no processo de tensão de
diálogo. No início da pesquisa, pretendia-se trabalhar com duas escolas: uma
pautada no método de ensino tradicional e outra em um método inovador. No
decorrer da pesquisa, diversas adversidades foram encontradas, como falhas do
próprio sistema de ensino público brasileiro e a dificuldade de se encontrar uma
escola com método inovador no Distrito Federal. Assim, trabalhou-se com duas
escolas pautadas em métodos tradicionais. Participaram da pesquisa quatro alunos
do terceiro ano entre 7 e 8 anos, que foram selecionados a partir da construção do
cenário social da pesquisa e de características como facilidade ou dificuldade para
realizar as tarefas propostas, assim como o engajamento em sala de aula. Os
instrumentos utilizados foram dinâmicas conversacionais, observações sistemáticas
em sala de aula e conversas informais com as professoras. Esses instrumentos
foram utilizados com o objetivo de produzir indicadores sobre a produção subjetiva
dos alunos acerca do papel atual da escola, bem como sobre o método de ensino
tradicional. Na construção interpretativa produziu-se indicadores que apontam um
método mais focado no trabalho do professor do que no processo de aprendizagem
do aluno, supervalorizando, dessa forma, o currículo, bem como a quantidade de
tarefas, dando pouca visibilidade ao processo de aprendizagem singular de cada
estudante. Em relação à produção subjetiva dos alunos, construiu-se indicadores e
hipóteses sobre como esse cenário acaba levando a vivenciarem um sentimento de
desvalorização e desmotivação pelas atividades propostas pela escola. Temas de
interesse dos aprendizes não costumam ser abordados em sala de aula, o que
colabora com a falta de atenção e implicação no processo de aprendizagem
singular. Associam também a experiência de relações conflituosas com os colegas,
assim como a inflexibilidade de regras. Percebeu-se ainda que as produções
subjetivas dos alunos do método tradicional tendem a relacionar a escola com o
sentido do futuro, visando o resultado da formação dentro de uma sociedade
produtiva e capitalista, mas não o processo de aprendizagem atual


Palavras-chave


Escola. Alunos. Subjetividade. Ensino tradicional

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n1.2015.5433

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