ESCOLA DE PAIS: TREINAMENTO DE PRÁTICAS EDUCATIVAS PARENTAIS PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA

Juliana Soares Guimarães, Michela Rodrigues Ribeiro

Resumo


Os estudos de prevenção a problemas de comportamento da infância e adolescência têm evidenciado a efetividade de grupos de orientação a pais em relação à práticas educativas positivas. Tais práticas se referem a um conjunto de habilidades sociais parentais que podem ser desenvolvidas e/ou ampliadas no repertório dos pais a partir de treinamentos em grupos psicoeducativos, como por exemplo, a monitoria positiva do comportamento da criança, a definição de regras e limites, a expressão de sentimentos e opiniões, a utilização de estratégias alternativas de disciplina para evitar a punição física, entre outras. O projeto Escola de Pais tem sido realizado no UniCEUB-Brasília-DF, desde 2012, com resultados positivos no treinamento de práticas educativas positivas em pais e/ou cuidadores de crianças de 6 a 12 anos. O presente projeto visou a ampliação da proposta da Escola de Pais, oferecendo grupos psicoeducativos de orientação a pais e/ou cuidadores de crianças de 0 a 5 anos. Participaram do estudo quatro mães de crianças de 0 a 5 anos, alfabetizadas, que concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As participantes tinham idades entre 32 e 40 anos, e todas possuíam 3º grau completo. O procedimento de intervenção foi realizado no CENFOR-Psicologia do UniCEUB, em salas de atendimento psicológico compostas por mesas, cadeiras, quadro branco e equipamento multimídia. A intervenção foi dividida em três etapas: (a) avaliação pré-intervenção (com o Inventário de Estilos Parentais – IEP; Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais e Inventário de Ansiedade Beck – BAI); (b) 13 sessões de intervenção em grupo psicoeducativo para o treinamento de práticas educativas positivas; (c) avaliação pós-intervenção (com os mesmos inventários da primeira avaliação). Os resultados obtidos a partir dos inventários indicaram pouca mudança de comportamento nas medidas de ansiedade e não correspondência aos desempenhos de estilos parentais observados durante a intervenção. Em relação à ansiedade, houve variabilidade entre as participantes, observando-se níveis de mínimo a moderado, sendo que para três delas houve manutenção do nível entre as duas avaliações. Em relação aos estilos parentais, as participantes apresentaram classificação ótima na avaliação pós-intervenção, sendo que três delas saíram da classificação regular. Os relatos apresentados pelas participantes no decorrer das sessões indicaram modificações na utilização de práticas parentais positivas, como por exemplo, maior abertura para o diálogo e substituição da punição física por outras estratégias. Foram relatadas também, mudanças nos comportamentos das crianças, em termos de aumento da expressão de sentimentos e diminuição da agressividade, por exemplo. Contudo, tais mudanças não são suficientemente correspondentes com desempenhos ótimos de estilos parentais. Discute-se a adequação do instrumento para crianças de idades entre 0 e 5 anos e a possibilidade de manipulação de relato das participantes ao responderem um inventário de autoavaliação. Outra discussão importante diz respeito à necessidade de um maior número de sessões em próximas aplicações do programa de intervenção, tendo em vista que crianças dessa faixa etária parecem necessitar de mais tempo para a modelagem de seus comportamentos, como uso do toalete e alimentar-se de forma independente


Palavras-chave


grupo psicoeducativo; práticas educativas parentais; primeira infância

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n1.2015.5427

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